Mais apreciada pelos romanos que pelos turistas, a Pirâmide Cestia, em Roma, é um monumento que merece uma atenção especial, tanto pela sua antiguidade (construída entre 18 a.C. e 12 a.C.), quanto pelo seu excelente estado de conservação. Apesar de menos famosa que as egípcias, a Pirâmide de Roma também possui função funerária, foi encomendada para honrar a vida e a morte de um ilustre habitante da Roma imperial.
Quase esquecida em meio ao caótico tráfego da cidade, é possível notar, ainda hoje, a sua participação na proteção da cidade, já que está ligada à Porta São Paulo e ao Muro Aureliano (construído no século III). O fato de fazer parte do muro de defesa da cidade ajudou a proteger a Pirâmide Cestia da expropriação do seu valioso mármore, fato ocorrido com outros monumentos de época, como o Coliseu e o Pantheon.
Depois das idas e vindas dos imperadores romanos (como Marco Antônio e César) ao Egito, e da sua conquista como província do império romano, a cultura egípcia tornou-se moda entre os habitantes de Roma e estes começaram a apreciar tudo aquilo que remetia ao oriente, como o costume de construir grandes monumentos fúnebres em forma de pirâmides e obeliscos. De fato, outras pirâmides foram construídas em Roma naquela época, mas, infelizmente, essas não chegaram até os dias atuais.
Toda revestida em mármore Carrara, é possível ler na epígrafe a escrita que identifica o defunto “C(aius) CESTIUS L(uci) F(ilius) EPULO, POB(lilia tribu), PRAETOR, TRIBUNUS PLEBIS, (septem)VIR EPULORUM ”. Caio Cestio é descrito pelos historiadores como um rico comerciante, e talvez o responsável pela construção de uma das pontes que atravessa o rio Tibres (a ponte Cestia). Porém, o que é certo e comprovado pelas escritas deixadas na sua tumba é que Caio fez parte do Colégio dos Epulone, uma importante congregação de sacerdotes da antiga Roma.
Um fato curioso sobre a construção desse antigo monumento romano é o acontecimento que precede a sua encomenda: Caio deixou um rigoroso testamento ordenando a construção da pirâmide em até 330 dias após a sua morte. Tal pedido está transcrito no lado oriental da pirâmide (“opus absolutum ex testamento diebus CCCXXX, arbitratu Ponti P. f. Cla , Melae heredis et Pothi ”) . Essa dura tarefa deveria ser realizada por seus herdeiros, sob pena de não receberem a fortuna deixada por Caio Cestio. E eles conseguiram entregar a pirâmide no tempo solicitado.
O interior da Pirâmide de Roma
Vale à pena entrar na pirâmide de Roma? Honestamente, não. Deixe a visita para os colecionadores de visitas à pirâmides ou aqueles que vieram em Roma pela milésima vez e não tem mais o que visitar.
A visitação custa € 5,50 e só é permitida com acompanhamento e reserva antecipada . Deixo o nùmero para a reserva: 06.39967700
No interior da pirâmide, hoje, encontra-se pouco, alguns objetos e materiais que originariamente se encontravam ali. Nem a sala sepulcral foi salva, restando aos visitantes apenas túneis e salas não muito entusiasmantes, com afrescos quase apagados .
Externamente, a pirâmide tem 30 metros de base por 37 metros de altura e encontra-se em um ponto estratégico da cidade, no começo da Via Ostiense, estrada que leva até o Porto de Ostia e que, antigamente, era via de transporte das mercadorias destinadas ao embarque no mar Tirreno.
Para chegar até a pirâmide de Roma basta descer no metrô Pirâmide (mais fácil impossível!). Em meio ao trânsito, vale observá-la, identificar o Muro Aureliano, a porta de entrada que compõe o muro junto à pirâmide, e entender que por ali passaram aqueles que queriam adentrar Roma por uma das suas portas.
Se quiser incluir a Pirâmide de Caio Cestio em seu roteiro de viagem, organize dali um passeio a pé até o Circo Massimo ou uma subida no Aventino para ver uma das vistas panorâmicas mais belas de Roma, o Parque das Laranjas e ver também o buco, localizado próximo ao parque . Se for no final da tarde, dá para ir a pé da pirâmide até o bairro de Testaccio e comer em uma famosa pizzaria da cidade, a pizzaria da Remo ou gastando um pouco a mais, jantar em um dos mais tradicionais restaurantes de Roma, Felice (vale reservar pois é concorridíssimo!).
Foto: Alessia Broglia