Berço do renascimento, Florença atrae milhões de turistas que todos os anos congestionam as suas antigas vias para apreciar a concentração de arte e história localizada em seu centro histórico, museus e nas óperas urbanísticas espalhadas por toda a cidade. A conservação do seu tecido urbano e a privilegiada localização, às marges do rio Arno, dão a Florença um charme que poucas cidades da europa podem superar.
Dicas de viagem a Florença
A partir do século XIII Florença transformou-se em potência mercantil, financeira e artística da Europa. A sua importância coincide com a ascensão dos Médici (sec. XIV e XV), família burguesa com um potente império bancário, que proporcionou à cidade o posto de maior expoente financeiro e econômico da época. Muito do que você verá em Florença tem uma ligação vital com o percurso da família Médici na cidade.
Outro fator que deve ser levado em consideração para entender a dinâmica de Florença e dos seus habitantes, é o fato de ser berço do mais ilustre escritor italiano, Dante Alighieri, e do pintor Giotto. Dante desenvolveu a línguagem literária italiana e difundiu as bases do italiano falado nos dias atuais (lembre-se que a língua culta na península itálica era o latim). Giotto reproduziu nos seus quadros a línguagem figurativa italiana e introduziu o alicerce para a arte renascentista que estava florescendo. A partir desses dois artistas, Florença explodiu em arte e cultura e revelou os maiores nomes da arte mundial. Assim, conhecendo as bases históricas da cidade, damos início ao nosso passeio por Florença e acreditem: arte é tudo que a cidade oferece!
O que visitar em Florença
Para começar, Florença é uma cidade muito fácil de visitar, já que as atrações estão quase todas concentradas em seu centro histórico (que é bem pequeno), e sempre lotado de tustistas. Os florentinos deixaram o centro praticamente só para nós, visitantes, e deslocaram-se para os bairros mais periféricos, alugando suas casas para nos acolher. Observaremos uma enorme quantidade de americanos loucos por vinho, pela Toscana e por suas cidades vinícolas, além de muitos jovens estrangeiros, em sua maioria estudantes de arte que estão fazendo intercâmbio em Florença (e que à noite estão em giro pelo centro, tumultuando).
Igreja de Santa Croce em Florença
Pertinho da estação ferroviária de Santa Maria Novela está a maravilhosa igreja de Santa Croce, em estilo gótico. Construída no início do século XIII, sua fachada foi terminada somente no século XIX. Dentro da igreja encontraremos os restos mortais de famosos artistas como Galileu, Alfieri e Maquiavel além de obras de arte de grande importância: a cruz pintada por Giotto, a cruz esculpida por Brunelleschi e a trindade de Masaccio. No Brasil não ouvimos muito falar em Filippo Brunelleschi, mas o cara é importante: arquiteto, engenheiro, escultor, pintor, joalheiro e cenografista, suas obras estão por toda Florença renascentista, inclusive na cúpula do Duomo.
Obras de arte imperdíveis da Galleria degli Uffizi
Caminhando em direção ao centro, encontraremos o museu Degli Uffizi, que guarda obras de artistas imortais como Caravaggio (a Medusa), Botticelli ( La Primavera) e Leonardo da Vinci. A galeria dispõe de 45 salas de arte e conserva muitas outras obras no interior dos seus arquivos. É uma overdose de arte! Diretamente do site oficial, listo as obras de arte mais concorridas desse maravilhoso museu:
O Palazzo Vecchio, o que é a Signoria?
Outra atração imperdível ao lado do Uffizi é o Palazzo Vecchio que engloba, entre outras coisas, um museu e salões espetaculares e bem conservados para serem visitados. Na frente, uma enorme estátua do David, de Michelangelo, mas não se apeguem porque é falsa; a verdadeira só é visualizada mediante pagamento, dentro da Galeria della Accademia . O Palazzo Vecchio foi o centro da vida civil e política na época do renascimento, transformando-se na sede da “Signoria”, o conselho dos cidadãos, e a residência de Duca Cosimo I de Médici. Tornou-se Palazzio Vecchio depois que a sede da Signoria passou a ser o novo Palazzo Pitti. Atualmente, o Palazzo Vecchio abriga a sede do município florentino, ainda que boa parte do edifício seja dedicado ao museu, que contém importantes obras de arte. Dentro, é possível visitar o salão dos 500, que expõe nas suas paredes afrescos que ilustram as batalhas vencidas por Florença, e no teto apresenta 30 paineis, obras de Vasari. Outro lugar de visitação muito interessante é o corredor Vasariano, que liga o Palazzo Vecchio ao Palazzo Pitti, passando sobre o rio Arno. Este corredor foi construído pela família Médici para que não precisassem atravessar a cidade em meio ao povo quando necessitassem se deslocar de um palácio para o outro. Metidos, não?
O Duomo de Florença
A dois passos, impossível não notar a gigantesca igreja de Santa Maria dei Fiore ou o Duomo de Florença. É a maior e principal basílica que veremos na cidade e a terceira maior do mundo Cristão. Inicialmente construída no período romano, foi modificada e ampliada no período florentino de glória. É magnífica por dentro e por fora. Visitá-la é vislumbrar obras dos maiores artistas da época e poder desfrutar de uma vista panorâmica de Florença, do alto da sua cúpula. A visita ao Duomo é gratuita, mas a entrada na torre do sino de Giotto e na cúpula de Brunelleschi são a pagamento. A subida é como em São Pedro, no Vaticano: várias escadas estreitas em círculo (não indicada para os claustrofóbicos).
A Basílica de San Lorenzo
A basílica de San Lorenzo, uma das primeiras igrejas da cidade, teve suas obras de reestruturação e ampliação financiadas pela família Médici, que pretendia fazer da igreja o mausoléu da família. As obras ficaram incompletas e sua fachada nunca foi terminada. Em seu interior encontram-se obras de Donatello (as pinturas de São João Evangelista – santo protetor dos Médici) e uma escultura de Michelangelo. Todos os dias (exceto às segundas), organiza-se perto da basílica um mercado de produtos de couro. Use do seu poder de negociação e aproveite as ofertas de manufaturados florentinos.
Próximo do Palazzo degli Uffizi, entre as numerosas pontes que atravessam o rio Arno, destaca-se a mais antiga delas, Ponte Vecchio. Vale um passeio desinteressado com o marido pelas suas joalherias. Esta ponte sobreviveu a bombardeios da segunda guerra mundial e às cheias do rio Arno, e hoje é cenário de um passeio pra lá de romântico.
Se tiver tempo, faça uma visita ao Palácio Pitti e ao Jardim de Boboli. Só em dizer que era moradia da família Médici já é possível imaginar a beleza de sua arquitetura.
Pra terminar sua viagem a Florença, uma panorâmica da cidade vista do Piazzale Michelangelo, que é um pouco mais distante do centro (é possível ir a pé ou com o ônibus 12 ou 13). É o panorama preferido das noivas que se casam na cidade.
Sobrando forças da caminhada diurna, indico um giro pela cidade iluminada à noite, sem muita pretensão de grandes diversões (como falei, a maioria das pessoas que estão pelo centro são turistas e estudantes). Os florentinos costumam ser muito reservados e, entre os italianos, tem fama de esnobes. Eles não deixam os demais esquecerem que Florença é berço do renascimento e da língua italiana falada atualmente.
Viagem a Florença , como chegar
Melhor modo de chegar em Florença? De trem. Não é possível circular de carro no centro da cidade e os estacionamentos em Florença são difíceis e caros. Desça na estação de Santa Maria Novella e você estará a poucos passos do centro.
Prefira fazer seu tour a pé. Não vale a pena pagar os ônibus turísticos, você acaba fazendo uma ciranda em torno ao pequeno centro.
Parte dos museus estão fechados nas segundas-feiras.
Todos os museus são pagos e não existe um bilhete integrado; você vai pagar um por vez: uma morte lenta.
Geralmente as filas dos museus são grandes. Se você dispõe de pouco tempo compre a entrada com hora marcada.
Em uma das entradas do mercado central você irá observar o pessoal esfregando a mão no nariz da estátua de um porco selvagem, o cinghiale. Esfregue também e você terá boa sorte!
Quando for a Florença, aproveite para explorar outras cidades da Toscana com um tour organizado em português. Além das excursões pelos museus da cidade, sugerimos uma série de passeios que lhe permite conhecer outras atrações da Toscana em bate e volta e o máximo do conforto.
Onde comer
Quer um fast food alla florentina com a qualidade excepcional dos ingredientes toscanos? Na Via dei Neri, 74R, no centro, está o “All’Antico Vinaio”, que vende sanduíches personalizados a € 5 e cálices de vinho a € 2. Uma fila básica e você come e bebe bem e barato. Na mesma via ,à noite, você pode degustar vinhos, queijos,bruschettas e presuntos na La prosciutteria, um pouco menos turístico, via dei Neri 54R. Para os realmente valentes que não abrem mão de um agito , a partir das 23 horas o jazz club de Firenze oferece música de qualidade ao vivo em via Nuova de Caccini, 3 , no centro. Aqui sim vocês vão encontrar muitos florentinos. E para gastar um pouco de euros em grande estilo, no terraço do hotel Westin Excelsior Firenze tem um restaurante com paredes em vidro e vista panoramica para toda a cidade. Um luxo!
Ainda no tema da gastronomia, um prato tipicamente florentino é a bisteca alla fiorentina, parte do dorso do bovino incluindo o filé, apreciado pelos amantes de carne em toda a Itália, geralmente pesa mais de 600 gr, é espessa e servida ao sague. Vendida à peso nos restaurantes,muito cuidado se o budget for reduzido, porque você poderá encontrar € 50 de carne no seu prato fácil, fácil.
E já que você deixou um monte de dinheiro em Florença, vou compensar com uma dica para você apreciar uma vista exclusiva da cidade, no centro. Perto do mercado e do Duomo está uma famosa cadeia de lojas que se chama Rinascente; passe correndo para não comprar nada e vá até o último andar para tomar um café aproveitando de um panorama de tirar o fôlego.